sábado, 26 de novembro de 2011

Psicopatas: perguntas e respostas



Do site Medicina do Comportamento, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora entre outros do livro Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado.


Qual é a definição de psicopata? 


Ana Beatriz: Psicopata é o indivíduo que apresenta um Transtorno de Personalidade, que se caracteriza por total ausência de sentimento de culpa, arrependimento ou remorso pelo que faz de errado; falta de empatia com o outro e emoções de forma geral (amor, tristeza, medo, compaixão etc.). Os psicopatas são frios e calculistas, mentirosos contumazes, egocêntricos, megalômanos, parasitas, manipuladores, impulsivos, inescrupulosos, irresponsáveis, transgressores de regras sociais, muitos são violentos e só visam o interesse próprio. Eles estão infiltrados em todos os meios sociais, credos, culturas e são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seus sórdidos interesses. Podemos dizer que são verdadeiros "predadores sociais", almejam somente o poder, status e diversão e usam as pessoas apenas como troféus ou peças do seu jogo cruel.


Psicopata é qualquer maluco ou louco?

Ana Beatriz: Não. É muito comum as pessoas associarem psicopatia à loucura, mas isso é uma ideia equivocada. Em medicina, "loucura" é quando a pessoa apresenta surtos psicóticos (alucinações e delírios), como ocorre com os portadores de esquizofrenia, por exemplo. Os esquizofrênicos vivem numa "realidade paralela", fora de si ou em ruptura com o "mundo verdadeiro", e, exatamente por isso, não têm noção do que fazem. Já os psicopatas sabem exatamente o que estão fazendo, que estão infringindo regras sociais, e que a vítima está sofrendo com suas atitudes maquiavélicas, imorais e antiéticas. Isso porque os psicopatas não apresentam problema algum de ordem cognitiva ou deficiência de raciocínio. A deficiência deles está no campo das emoções: aquilo que nos vincula afetivamente com o outro ou com todas as coisas do universo.


Todo psicopata é um serial killer?

Ana Beatriz: Isso também é um grande equívoco. Somente uma pequena parcela dos psicopatas é serial killer ou assassino em série. A maioria sequer matou uma pessoa ou até mesmo apresenta uma aparência perversa. Para entender isso, é preciso ter em mente que existem níveis variados de psicopatia: leve, moderada e grave. O psicopata leve (a maioria) é aquele que vive de golpes, roubos, fraudes, estelionatos, que engorda ilicitamente suas contas bancárias com o dinheiro público etc. Esses tipos estão disfarçados de líderes religiosos, bons políticos, executivos bem-sucedidos, bons amigos, bons amantes... Eles podem arruinar empresas, destruir lares, dar "rasteiras" nos colegas de trabalho, se promover à custa dos outros, mas não sujam suas mãos de sangue. Geralmente são charmosos, sedutores, inteligentes, aparentam ser pessoas "do bem", possuem grande poder de persuasão e habilidade para enganar quem quer que seja. Estão do lado de fora das grades, convivendo com todos nós, sem levantar suspeitas de quem realmente são. Outros, de fato, são assassinos ou até serial killers e matam tal qual feras predadoras. Porém, qualquer que seja o nível de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam.


Como reconhecer um psicopata e se proteger?

Ana Beatriz: Reconhecer um psicopata não é uma tarefa tão fácil como se possa imaginar. Até porque, como já dito, a maioria não tem aparência de mau ou descuidada, tampouco possuem uma estrela na testa que os identifica. Até os profissionais da área médica e psicológica podem ser facilmente enganados por eles, uma vez que os psicopatas representam muitíssimo bem. São os verdadeiros atores da vida real. Mas ter cautela é sempre importante quando não se conhece alguém ainda muito bem. Checar seus hábitos, saber um pouco do seu passado, ficar atento ao joguinho "da pena", "do coitadinho" (todos fazem isso num determinado momento). Eles são muito habilidosos em abusar da nossa boa fé. Sem querer ser pessimista, somente realista, antes de reconhecer um psicopata precisamos entender que a maldade existe verdadeiramente. A nossa tendência é sempre achar que o outro não é tão ruim assim e que um dia ele vai mudar. Ao identificar um deles ou perceber que há algo de estranho no ar, alguns cuidados são importantes, mas o essencial é tomar certa distância e jamais compactuar com alguém dessa natureza.


A partir de que idade é possível diagnosticar a psicopatia?

Ana Beatriz: A medicina só pode dar o diagnóstico de psicopatia a partir dos 18 anos. No entanto, ninguém se transforma em psicopata de um dia para o outro. O indivíduo já nasce psicopata. Assim, fica claro que uma criança e um adolescente também apresentam condutas maldosas ou são genuinamente perversos. Isso se percebe nos maus tratos com os irmãos, coleguinhas e animais, nas mentiras recorrentes, roubos de pertences dos outros, transgressões de regras sociais, e especialmente na falta de afeto. Porém, por uma questão de nomenclatura, antes da maioridade o problema é denominado Transtorno da Conduta, antigamente conhecido como delinquência.


Como é feito o diagnóstico?

Ana Beatriz: O diagnóstico é basicamente clínico, ou seja, através da observação do comportamento e do histórico de vida do indivíduo. O exame deve ser rigoroso e o profissional estar muito atento, uma vez que os psicopatas são manipuladores e podem se passar por "gente do bem". Normalmente são os pais que levam seus filhos ao consultório, por não aguentarem mais o seu comportamento desafiador ou transgressor ou por acharem que falharam na educação dos mesmos. Já os adultos dificilmente procuram por um consultório psiquiátrico ou psicológico. Alguns países como o Canadá, Inglaterra, Austrália costumam utilizar na população carcerária um check list denominado Escala Hare ou PCL (desenvolvido pelo canadense Robert Hare). Trata-se de um questionário específico com o qual o presidiário pode ser avaliado através de pontuações. É uma das ferramentas mais confiáveis que se tem até o momento para separar o criminoso comum do criminoso psicopata. Outra técnica que só vem corroborar com o diagnóstico da psicopatia é o exame de neuroimagem (ressonância magnética funcional – RMf). Com essa técnica é possível verificar se o indivíduo apresenta "falhas" em determinadas regiões cerebrais e no sistema límbico (estrutura responsável por nossas emoções). Embora seja um exame bastante preciso, atualmente só é utilizado na realização de pesquisas. No entanto, nada impede que o profissional solicite este exame como mais um elemento comprobatório na identificação da psicopatia, em serviços que possuam essa tecnologia.


Qual é o tratamento? Tem cura?

Ana Beatriz: Em se tratando de saúde mental, só podemos falar em tratamento para as pessoas que estão em sofrimento e apresentam intenso desconforto emocional, que as impede de manter uma boa qualidade de vida. Por mais bizarro que possa parecer, os psicopatas parecem estar inteiramente satisfeitos consigo mesmos e não apresentam constrangimentos morais ou sofrimentos emocionais, como depressão, ansiedade, culpas, baixa autoestima etc. Assim, não é possível tratar um sofrimento inexistente. No que tange aos medicamentos, nenhum deles, até o momento, se mostrou eficaz no tratamento da psicopatia. Tratar de um psicopata é uma luta inglória, pois não há como mudar sua maneira de ver e sentir o mundo. Psicopatia é um modo de ser. O que o médico e/ou terapeuta podem fazer é dar suporte e oferecer tratamento às vítimas dos psicopatas, uma vez que são elas que verdadeiramente sofrem.


A legislação brasileira está atualizada no que diz respeito à punição dos psicopatas?

Ana Beatriz: O problema do Código Penal Brasileiro é que ele agrupa os psicopatas e os doentes mentais na mesma legislação. No entanto, a psicopatia não se enquadra nas doenças mentais padronizadas. Psicopatas não são débeis, tampouco apresentam sofrimento emocional. A psicopatia, por ser um transtorno de personalidade, cujas "falhas" cerebrais estão no campo dos afetos, tem como resultado um indivíduo cujo "modo de ser" se limita a condutas antissociais com enorme potencial destrutivo. Se um criminoso psicopata for condenado e caso ele não receba tal diagnóstico, cumpre penas como presidiário comum, e permanece em celas de criminosos recuperáveis. Quando esse indivíduo sair da cadeia, a sociedade corre os mesmos riscos de antes, uma vez que os psicopatas não aprendem com os erros passados, com qualquer punição ou método de ressocialização. Porém, se este mesmo indivíduo receber o diagnóstico de psicopatia, ele é considerado, pela legislação, um doente mental e se beneficiará de um "tratamento" psiquiátrico em manicômio judiciário. Como não há tratamento nem cura, em tese, ele deveria permanecer o resto da vida nesta instituição, mas sabemos que enganos acontecem e ele pode receber alta de uma hora para outra.


Como é o cenário em outros países?

Ana Beatriz: Em países como o Canadá, Inglaterra, Austrália e em alguns estados dos EUA, onde se aplica a Escala Hare (check list para psicopatia), o psicopata cumpre penas bem mais rigorosas: prisão perpétua em celas específicas, com isolamento. 


O percentual de homens psicopatas é maior? Existe uma razão para isso?

Ana Beatriz: Pelas estatísticas oficiais sim. São três homens para cada mulher. No entanto, não sabemos se as mulheres estão sendo subdiagnosticadas. Isso porque os homens são naturalmente mais impulsivos e agressivos que as mulheres e podem revelar a psicopatia com mais facilidade e/ou visibilidade. Já as mulheres apresentam uma perversidade mais sutil, camuflada, no campo das intrigas. O fato é que não existe nenhuma pesquisa, até o momento, que aponte porque existem mais homens psicopatas que mulheres.



Medicina do Comportamento

domingo, 20 de novembro de 2011

O Psicopata Dissimulado



O texto abaixo é do Dr. G. J. Ballone, do site PsiqWeb.


O Psicopata Dissimulado


Seu comportamento se caracteriza por um forte disfarce de amizade e sociabilidade. Apesar dessa agradável aparência, ele oculta falta de confiabilidade, tendências impulsivas e profundo ressentimento e mau humor para com os membros de sua família e pessoas próximas.


Na realidade, didaticamente poderíamos comparar o Psicopata Dissimulado como uma mistura bastante piorada dos transtornos Borderline e Histérico da Personalidade. Isso significa que ele pleiteia um estilo de vida socialmente teatral, com persistente busca de atenção e excitação, permeada por um comportamento muito sedutor.


Por essas características Millon já considerava o Psicopata Dissimulado como uma variante da Personalidade Histriônica, continuamente tentando satisfazer sua forte necessidade de atenção e aprovação. Essas características não estão presentes no Psicopata Carente de Princípios ou no Malévolo, os quais centram em si mesmo sua preocupação e são indiferentes às atitudes e reações dos outros.


Esse subtipo dissimulado costuma exibir entusiasmo de curta duração pelas coisas da vida, comportamentos imaturos de contínuas buscas de sensações. Seguindo as características básicas e comuns a todos os psicopatas, o dissimulado também tende a conspirar, mentir, a ter um enfoque astuto para com a vida social, a ser calculista, insincero e falso. Muito provavelmente ele não admite a existência de qualquer dificuldade pessoal ou familiar, e exibe um engenhoso sistema de negações. As dificuldades interpessoais são racionalizadas e a culpa é sempre projetada sobre terceiros.


A contundente falsidade é a característica principal deste subtipo. O Psicopata Dissimulado age com premeditação e falsidade em todas as suas relações, fazendo tudo o que for necessário para obter exatamente o que quer dos outros. Por outro lado, bem diferentemente do Psicopata Carente de Princípios ou do Psicopata Malévolo, parece desfrutar prazerosamente do jogo da sedução, obtendo excitação nas conquistas.


Mesmo aparentando intenções de proteger certas pessoas, o Psicopata Dissimulado é frio, calculista e falso, caracterizando mais ainda um estilo fortemente manipulador. Essa característica pode ser consequência da convicção íntima de que ninguém poderá amá-lo ou protegê-lo, a menos que consiga manipular a todos. Apesar de reconhecer que está manipulando seu entorno social, tenta convencer aos outros de que suas intenções são boas e que suas atitudes são, no mínimo, bem intencionadas.


Quando as pessoas com esse tipo de psicopatia são pressionadas ou confrontadas, sentem-se muito encabulados e suas reações oscilam entre a explosão agressiva e vingança calculista. A característica afabilidade dos Psicopatas Dissimulados é superficial e extremamente precária, estando sempre predispostos a depreciarem imediatamente a qualquer um que represente alguma ameaça à sua hegemonia, chegando mesmo a perderem o controle e explodirem em cólera.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Psicopatas: os Mestres da Mentira



Sintomas de Psicopatia


A Psicopatia, também conhecida como Sociopatia, tem sido associada ao protótipo do assassino em série, porém, nem todos os assassinos são psicopatas e nem todos os psicopatas chegam a ser assassinos, ou mesmo fisicamente violentos!

Importa desmistificar esta ideia, porque podemos estar a lidar diariamente com um psicopata, sem termos a noção que aquela pessoa está realmente doente e que, afinal, todas as intrigas, confusões, desacatos, mentiras e mal-estar causados pelo mesmo não são apenas fruto de “mau feitio”. Há pessoas que só se apercebem que têm lidado de perto com um psicopata momentos antes de uma fatalidade lhes acontecer, nomeadamente o seu homicídio.

Embora esta doença seja mais comum nos homens, também é possível encontrar mulheres sociopatas.


Os primeiros sinais começam a tornar-se mais evidentes a partir dos 15 anos de idade, embora se possam reconhecer algumas atitudes que apontem neste sentido em idade mais tenra. Eis então os sintomas principais que um psicopata apresenta:

- Ausência de Culpa: Nunca sente arrependimento, nem remorsos. Os outros é que são os culpados de tudo o que acontece de mal e vive com a certeza absoluta que nunca erra, nem errou. Não teme a punição por ter a certeza que tudo o que faz tem um propósito benéfico (para ele, claro!), embora tenha a noção de que os seus atos são anti-sociais.

Quando é denunciado, recusa a reabilitação ou qualquer tratamento e na impossibilidade de fugir simula uma mudança de caráter, para mais tarde voltar aos padrões comportamentais que lhe são característicos e, até, vingar-se de quem o tentou ajudar!

- Mestres da Mentira: Para eles a realidade e a ilusão fundem-se num só conceito pelo qual regem o seu mundo. São capazes de contar uma mentira como se estivessem a descrever detalhadamente uma situação real. Não mentem apenas para fugirem de uma situação constrangedora, mas pura e simplesmente porque não sabem viver sem mentir.

- Manipulação e Egoísmo: Não tem a noção de bem comum. Desde que ele esteja bem, o resto do mundo não lhe interessa. O psicopata é um indivíduo extremamente manipulador, que usa o seu encanto para atingir os seus objetivos, nunca pensando nas emoções alheias. Não reconhece a dor que provoca nos outros, e por isso usa as pessoas como peões, objetos que pode pôr e dispor conforme lhe convêm. Manifesta facilidade em lidar com as palavras e convencer as pessoas mais vulneráveis a entrarem no “jogo” dele. 
Querem controlar todos os relacionamentos, impedindo que familiares e amigos confraternizem paralelamente, sem a sua presença. Para tal recorrem a esquemas, intrigas e, claro, ao seu charme, para se fingir amigo.

- Inteligência: o QI costuma ser acima da média. Há casos de psicopatas que conseguem passar por médicos, advogados, professores, etc., sem nunca terem frequentado uma universidade! São peritos no disfarce, excelentes auto-didatas e fazem-no na perfeição.

- Ausência de Afeto: Não são pessoas afetuosas com o próximo, e enquanto pais, não são do gênero de “dar colo” aos filhos. Usam os filhos como “marionetes”, em função dos seus próprios interesses, não respeitando as suas escolhas, quer a nível pessoal, quer profissional! Baseia os seus “métodos educativos” na humilhação e chega a ser totalmente negligente para com os seus.

- Impulsivo: Devido ao déficit do superego, não consegue conter os seus impulsos, podendo cometer toda a espécie de crimes, friamente e sem noção de culpa. Costuma fintar até o teste do polígrafo, porque o seu ritmo cardíaco não se altera quando profere mentiras e nem quando comete crimes.

- Isolamento: Gostam de viver sós e quando vivem com outros, querem liderar o grupo, mesmo que para isso destrua uma família inteira.

Existem mais sintomas que denunciam a Psicopatia e, após a leitura deste texto, até pode ser que reconheça alguns destes sinais em familiares seus e pessoas que lhe são próximas.



Amar-Ela 


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sábado, 12 de novembro de 2011

Os psicopatas e as máscaras



O psicopata superdimensiona suas prerrogativas, possibilidades e imunidades; "esta vez não vão me pegar", ou "desta vez não vão perceber meu plano", essas são suas crenças ostentadas.
O psicopata não apenas transgride as normas mas as ignora, considera-as obstáculo que devem ser superados na conquista de suas ambições. A norma não desperta no psicopata a mesma inibição que produz na maioria das pessoas.
Para os contraventores não psicopatas, vale o lema "Se quer pertencer a este grupo, estas são as regras. Se cumprir as regras está dentro, se não cumprir está fora".
Mas o psicopata tem a particularidade de estar dentro do grupo, apesar de romper todas as regras, normas e leis, apesar de não fazer um insight, não se dar conta, não se arrepender e não se corrigir. Sua arte está na dissimulação, embuste, teatralidade e ilusionismo.
Os psicopatas parecem ser refratários aos estímulos, tanto aos estímulos negativos, tais como castigos, penas, contra-argumentações à ação, apelo moral, etc., como também aos estímulos positivos, como é o caso dos carinhos, recompensas, suavização das penas, apelos afetivos. Essa última característica é pouco notada pelos autores. O psicopata não modifica sua conduta nem por estímulos positivos, nem pelos negativos.
Para o psicopata a mentira é uma ferramenta de trabalho. Ele desvirtua a verdade com objetivo de conseguir algo para si, para evitar um castigo, para conseguir uma recompensa, para enganar o outro. O psicopata pode violar todo tipo de normas, mas não todas as normas. Violando simultaneamente todas as normas seria rapidamente descoberto e eliminado do grupo.
A particular relação do psicopata com outros seres humanos se dá sempre dentro das alterações da ética. Para o psicopata o outro é "uma coisa", mais uma ferramenta de trabalho, um objeto de manipulação. Essa é a coisificação do outro, atitude que permite utilizar o outro como objeto de intercâmbio e utilidade.
Esta coisificação explica, talvez, torturar ou matar o outro quando se trata de um delito sexual, sádico ou de simples atrocidade.
Algumas condutas psicopáticas podem parecem ilógicas aos demais, mas são perfeitamente lógicas para o psicopata. Isso ocorre porque entre o psicopata e as demais pessoas existem lógicas distintas, sistemas de raciocínio distintos, códigos distintos, valores diferentes e necessidades diversas.Tendo em vista o fato da conduta psicopática ser, às vezes, de muita instabilidade diante de estímulos objetivamente pequenos e, ao contrário, podendo manifestar serenidade em situações que desestabilizariam a maioria das pessoas, entende-se que o relacionamento sujeito-objeto no psicopata seja diferente.
A personalidade psicopática faz com que os indivíduos atuem sociopaticamente para satisfazer suas necessidades. Para tal, eles podem se valer da extrema sedução, de especial sensibilidade para captar as necessidades e sensibilidades do outro e manipulá-los como melhor aprouver, de mentiras e todo tipo de recursos independentemente do aspecto ético.
A relação cognitiva psicopata-sistema social (sujeito-objeto), no que diz respeito às normas e regras, se caracteriza pela total intolerância aos impedimentos naturais e coletivos, intolerância às frustrações com graves reações de descompensação diante delas, falta de arrependimento e culpa quando desrespeita as normas e regras próprias do sistema.Os momentos de crise dos psicopatas são produzidos por frustrações e fracassos e, nessas circunstâncias, seu comportamento é totalmente imprevisível, podendo chegar ao assassinato. Mas, para terceiros, eles colocam sempre a responsabilidade de seu fracasso no outro ou em elementos externos e alheios à sua responsabilidade (defesa "aloplástica").
Por outro lado, o êxito do psicopata no meio social não assegura, obrigatoriamente, que ele se estabeleça. Diante de quaisquer frustrações, sensação de rejeição ou contrariedade, ou ainda, inexplicavelmente, acabam destruindo tudo o que tinham feito, muitas vezes através de um ato banal, impulsivo ou descontrolado.
Essas atitudes de descontrole, com risco e perda da situação estabelecida, são demasiadamente desconcertantes para pessoas normais, para familiares, companheiras (os) ou conhecidos. Essas atitudes totalmente inconsequentes favorecem as inúmeras rupturas conjugais que acompanham sua biografia.
Na sua relação com o sistema, o psicopata pode manifestar três tipos de condutas, as quais, como veremos, confundem mais ainda as opiniões a seu respeito:
a) Conduta normal. É sua parte teatralmente adaptada ao padrão de comportamento normal e desejável. Assim agindo o sistema não o percebe e pode até atribuir-lhe adjetivos elogiosos. Como diz o ditado, "o maior mérito do demônio é convencer a todos que ele não existe".
b) Conduta psicopática. É a inevitável manifestação de suas condutas psicopáticas, as quais, mais cedo ou mais tarde, obrigatoriamente se farão sentir. Entretanto, como o psicopata costuma ser intelectualmente privilegiado, ele não exerce sua psicopatia indistintamente com todos e todo o tempo. Ele elege sabiamente determinadas pessoas, vítimas ou circunstâncias.
c) Rompante (surto) psicopático. É a conduta psicopática desestabilizada e que foge ao controle eletivo próprio do item anterior (conduta psicopática dirigida).
Diante de grande instabilidade emocional e explosiva tensão interna, o psicopata trata de equilibrar-se através do rito psicopático, grupo de condutas repetitivas, constituindo o padrão psicopático. Nessa situação surgem impulsos e automatismos que acabam resultando nos homicídios seriais ou extremamente cruéis, as violações, destruições e, algumas poucas vezes, suicídios.
Em geral o psicopata se justifica, aos outros e a si mesmo, em todas suas ações. Perguntado por que não segue as normas, a resposta é, simplesmente, porque as normas não se ajustam a seus desejos, condições e circunstâncias.
Este tipo de personalidade tem um particular sentido da liberdade. Para o psicopata, ser livre é poder fazer sem impedimentos. Poder optar sem inibições, repressões e limitações internas ou externas.
Normalmente é esse uso particular da liberdade que o faz também um sedutor e manipulador, normalmente apelando às liberdades reprimidas do outro. Normalmente ele convence seu próximo à promiscuidade, uso de drogas, corrupção, cumplicidade e toda sorte de atitudes torpes que lhe interessam.
Talvez o psicopata tenha poderosa intuição sobre as máscaras sociais e sobre o animal desejoso que todos carregamos dentro de nós e, valendo-se dessas fraquezas, anime e convença o outro a participar do jogo ambivalente de satisfações e angústias.
Ballone GJ - Personalidade Psicopática - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/ revisto em 2008.



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domingo, 6 de novembro de 2011

Psicopata: Erva venenosa



Nem é preciso escrever muita coisa. A letra da música diz tudo. 


Como declarou a novelista Glória Perez, que teve sua filha barbaramente assassinada por um psicopata: "Tem gente que simplesmente não presta."





Link do vídeo


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