sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Jornalista e o Psicopata



O coração embotou-lhe o cérebro, e o olhar vesgou-se em direção bandida. Não se apercebeu da crueldade contida na síndrome narcisística maligna, este emaranhado enlevo do não entender.

Como criança inocente deixou-se conduzir, e como adulta insana cerrou os olhos para não ver. Ao coração fez todas as suas vontades, e ao cérebro nada questionou. Andou por caminhos jamais percorridos. Não imaginava que, aventurar-se no breu da vida, carecia, ao menos, de uma pequena claridade.

Deparou-se com um ser humano rústico, mas manhoso, inculto, porém sagaz, traiçoeiro dissimulado, à espera da presa fácil. A personalidade psicopática cheia de armadilhas perfeitas, cheirosas, saborosas, irresistíveis. E assim, tal qual borboleta, que resvala suas asas no mel, deixou-se grudar no arrastão da sua sorte, que por pouco não culmina com sua morte.

O tempo se arrasta, o número de borboletas que agoniza aumenta.

A borboleta, num esforço hercúleo desprende-se do mel. Uma asa fora-lhe arrancada, e então, em saltos bizarros debate-se na ânsia de uma sobrevida. E assim, consegue ir re-aprendendo uma nova maneira de voar.

A analogia feita da borboleta com a jornalista é embasada no conto “O cavalinho e a borboleta” (Silvana Duboc), odiado pelo psicopata, pois neste abomina o final da história que poderá, talvez, ser também sua sorte.

Depois de muito pesquisar sobre “Transtornos da Personalidade”, na tentativa de entender o sucedido consigo, deparou-se com uma página na web, onde o âmago do “seu” psicopata ali descrito fora contundente. Para tanto, rebuscou e passou a limpo toda a sua história, com riqueza de detalhes. Fez o “mea culpa” e usou de sua integridade moral e ética, para a isenção de emoções que pudesse comprometer a verdade contida em suas leituras. Apesar da sua não aceitação da realidade ali proposta, não significa que não tenha sido honesta o suficiente para aperceber-se da verdade ali contida.

Resta apenas a tristeza de conviver com as imagens que tenta, em vão, propagandear. O tempo perdido em demasia na recuperação de um ser que nem a medicina propõe cura, posto que este tipo de síndrome além de não ser de fácil detecção, carece ainda de compreensão por parte da maioria dos elementos que formam uma sociedade, fê-la aperceber-se da sua luta inglória. Uma sociedade pontuada pelo bizarro e pelo fanatismo é fruto da ausência da educação e da cultura. Portanto, nada mais lhe restava fazer, a não ser agarrar-se em considerações pessoais.

Também, para que consiga sobreviver sem enlouquecer, firma sua fé num Ser maior que quer acreditar possa reger toda a trama existente neste mundo.

Tal qual a borboleta de uma asa só, que para voar necessita do par, a jornalista aguarda a verdade chegar. Caso isso ocorra, não terá mais que arrastar-se no escondido mundo fétido. Seus pretensos predadores deverão transmutar sua alimentação, e comerem seus próprios excrementos. Na continuidade da vida voltará com mais garra e sabedoria, satisfeita por poder comprovar, que ainda vale a pena lutar pela comunhão do todo que realiza, e não da desunião dos egoístas que emperram o desenvolver e o saber.

A verdade SEMPRE, e doa a quem doer!




Frases e citações do professor Eunofre Marques para melhor compreensão textual. Denomina de Personalidade Psicopática Amoral (ou, simplesmente PP). Diz ele: “O PP amoral é um indivíduo incapaz de incorporar valores. Ele funciona sempre na relação prazer-desprazer imediato. São indivíduos incapazes de se integrar a qualquer grupo, devido ao seu egoísmo absoluto e a não aceitarem qualquer tipo de regras. Só o que eles querem é o que interessa. No início, eles até fazem amizades com facilidade, mas diante dos primeiros conflitos, a sua amoralidade aparece em todo o seu potencial. Terminam por ser rejeitados pelos grupos em pouco tempo. São, por isso, em geral indivíduos solitários, que migram de grupo em grupo até que não restem mais grupos para os aceitarem. Esse transtorno pode aparecer precocemente, em tenra idade. Ainda crianças, já aparece o seu componente amoral, por não aceitarem regras jamais, não respeitarem qualquer limite e terem um comportamento absolutamente inadequado na escola, de onde são frequentemente expulsos. Já na adolescência tendem francamente para a marginalidade e tentam integrar-se aos grupos marginais, mas mesmo esses, com sua ética marginal rígida, logo o rejeitam. Quando pressionados pelo ambiente, especialmente em ambientes fechados, como numa penitenciária, eles atuam de modo primoroso, como que absorvendo os valores rígidos do meio. No entanto, é só surgir uma pequena brecha nas regras para que a sua amoralidade venha plenamente à tona. Boa parte deles não chega à idade adulta porque, misturados com os marginais, acabam sendo mortos por estes. Mesmo assim, chegando à idade adulta, terminam por serem recolhidos a alguma penitenciária, onde eles são encontrados com frequência. Mesmo dentro da penitenciária a sua existência está sendo constantemente ameaçada, porque não se integram a nenhum dos grupos que lá se formam. Aqueles que têm um nível de inteligência superior conseguem parcialmente, utilizando-se dos recursos cognitivos, manterem-se relativamente integrados no meio até a idade adulta, mas mesmo estes acabam por serem expulsos do seu meio e também vão parar nos presídios. O PP amoral é o exemplo do fracasso do ser humano.”

Otto Kernberg (psicanalista), consultado na web sobre Narcisismo Maligno, cita que: “vê neste narcisismo patológico um componente psicodinâmico para o diagnóstico da psicopatia. O narcisismo não patológico é consequência de uma boa evolução do Ego, uma aceitação da realidade e como essa realidade pode ser usada para satisfazer as necessidades dirigidas ao exterior e ao objeto. As pessoas que não realizaram bem esta formação, por não haver interiorizado suficiente amor e estima recebidos do meio, acabam por desenvolver defesas narcisistas muito fortes.” Diz ainda que, “no Narcisismo Maligno muitas vezes é extremamente difícil fazer o diagnóstico da psicopatia, quando a situação clínica não está claramente definida. Por isso Otto Kernberg faz um diagnóstico diferencial entre três tipos de ocorrências anti-sociais: 1) Síndrome do Narcisismo Maligno, 2) Estrutura Anti-Social Propriamente Dita e 3) Personalidade Narcisística com Conduta Anti-Social.

Restrinjo-me à primeira, ou seja, Narcisismo Maligno: “esta síndrome representa o psicopata cuja eventual causa da sociopatia seria fruto do meio e de elementos psicodinâmicos. Aqui a conduta anti-social tem origem no Narcisismo Maligno. Há incapacidade em estabelecer relações que não sejam exploradoras, não existe capacidade de identificar valores morais, não existe capacidade de compromisso com os outros e não há sentimento de culpa. Seus principais sintomas são:

1) Encanto Superficial e Manipulação: nem todos psicopatas são encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal, e consequentemente capacidade de manipulação de pessoas, como meio de sobrevivência social. Através do encanto superficial o psicopata acaba coisificando as pessoas, ele as usa e quando não o servem mais, descarta-as, tal como uma coisa ou uma ferramenta usada. Talvez seja esse processo de coisificação a chave para compreendermos a absoluta falta de sentimentos do psicopata para com seus semelhantes ou para com os sentimentos de seu semelhante. Transformando seu semelhante numa coisa, ela deixa de ser seu semelhante. O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que se sucedem no psicopata. Partindo do princípio de que não se pode manipular alguém que não se deixe manipular, só será possível manipular alguém se esse alguém foi antes seduzido;

2) Mentiras Sistemáticas e Comportamento Fantasioso: embora qualquer pessoa possa mentir, temos de distinguir a mentira banal da mentira psicopática. O psicopata utiliza a mentira como uma ferramenta de trabalho. Normalmente está tão treinado e habilitado a mentir que é difícil captar quando mente. Ele mente olhando nos olhos e com atitude completamente neutra e relaxada. O psicopata não mente circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma situação. Ele sabe que está mentindo, não se importa, não tem vergonha ou arrependimento, nem sequer sente desprazer quando mente. E mente, muitas vezes, sem nenhuma justificativa ou motivo. Normalmente o psicopata diz o que convém e o que se espera para aquela circunstância. Ele pode mentir com a palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para ele, podendo fazer-se arrependido, ofendido, magoado, simulando tentativas de suicídio etc. É comum que o psicopata priorize algumas fantasias sobre circunstâncias reais. Isso porque sua personalidade é narcisística, quer ser admirado, quer ser o mais rico, mais bonito, melhor vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, à seu personagem do momento, de acordo com a circunstância e com sua personalidade narcisística. Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro;

3) Ausência de Sentimentos Afetuosos: desde criança se observa, no psicopata, um acentuado desapego aos sentimentos e um caráter dissimulado. Essa pessoa não manifesta nenhuma inclinação ou sensibilidade por nada e mantém-se normalmente indiferente aos sentimentos alheios. Os laços sentimentais habituais entre familiares não existem nos psicopatas. Além disso, eles têm grande dificuldade para entender os sentimentos dos outros, mas havendo interesse próprio, podem dissimular esses sentimentos socialmente desejáveis. Na realidade são pessoas extremamente frias, do ponto de vista emocional;

4) Amoralidade: os psicopatas são portadores de grande insensibilidade moral, faltando-lhes totalmente juízo e consciência morais, bem como noção de ética;

5) Impulsividade: também por debilidade do Superego e por insensibilidade moral, o psicopata não tem freios eficientes à sua impulsividade. A ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, crueldades e crimes. Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de tolerância às frustrações, refletindo-se na desproporção entre os estímulos e as respostas, ou seja, respondendo de forma exagerada diante de estímulos mínimos e triviais. Por outro lado, os defeitos de caráter costumam fazer com que o psicopata demonstre uma absoluta falta de reação frente a estímulos importantes;

6) Incorregibilidade: dificilmente ou nunca o psicopata aceita os benefícios da reeducação, da advertência e da correção. Podem dissimular, como dissemos, durante algum tempo seu caráter torpe e anti-social, entretanto, na primeira oportunidade voltam à tona com as falcatruas de praxe;

7) Falta de Adaptação Social: já nos primeiros contatos sociais o psicopata, desde criança, manifesta uma certa crueldade e tendência a atividades delituosas. A adaptação social também fica comprometida, tendo em vista a tendência acentuada do psicopata ao egocentrismo e egoísmo, características estas percebidas pelos demais, e responsável pelas dificuldades de sociabilidade. Mesmo no meio familiar o psicopata tem dificuldades de adaptação. Durante o período escolar tornam-se detestáveis tanto pelos professores quanto pelos colegas, embora possam dissimular seu caráter sociopático durante algum tempo. Nos empregos a inconstância é a característica principal.”

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