sábado, 20 de agosto de 2011

Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado



Eu queria deixar claro pros leitores que não sou psiquiatra, nem psicóloga, nem tenho qualquer formação nesta área do conhecimento. Não estou aqui pra fazer diagnósticos ou afirmações levianas. Neste blog, sou muito mais editora que autora. Procurarei postar artigos, entrevistas e outros documentos produzidos por especialistas sérios e reconhecidos, psiquiatras, neurocientistas e outros.


Estou aqui como editora e como vítima de uma psicopata. Há 14 anos. E como membro de uma família vítima da mesmíssima psicopata durante 35 anos. Na medida do possível, vou contando aqui um pouco da minha história de vida e entreveros com estes seres malignos.


Também não estou aqui para vender livros de quem quer que seja. Ou outra mercadoria qualquer. Admiro o trabalho da médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, que me parece bastante sério e importante, no sentido de informar o público em geral sobre o perfil dos psicopatas e de como costumam atuar, para que a sociedade possa aprender a se defender destas excrescências.


A doutora Ana Beatriz é autora, entre outros, do conhecido livro Mentes perigosas - o psicopata mora ao lado, cuja introdução oferece um bom resumo de quem são estes seres nefastos.





MENTES PERIGOSAS: 
O psicopata mora ao lado
Ana Beatriz Barbosa Silva







INTRODUÇÃO


O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem.

Desconfiado, o sapo respondeu: “Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar,  soltar o seu veneno e eu vou morrer.”

Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar.

Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme.

Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente:

— Porque essa é a minha natureza!

Vez por outra, essa fábula surge em minha mente, seja no cotidiano profissional ou através do acompanhamento das notícias diárias, pelos jornais e TV. Trata-se de uma história arquetípica, que ilustra exemplarmente a natureza das pessoas que serão analisadas e descritas  ao longo deste livro.

A ideia de escrever sobre psicopatas surgiu em razão do momento violento, desumano e marcado por escândalos que nos abatem, mas também serve como um alerta aos desprevenidos quanto à ação destruidora desses indivíduos. Devo admitir minha ousadia, mas não pude resistir às inúmeras solicitações dos meus leitores, pacientes, conhecidos e amigos.

Quando pensamos em psicopatia, logo nos vem à mente um sujeito com cara de mau, truculento, de aparência descuidada, pinta de assassino e desvios comportamentais tão óbvios que poderíamos reconhecê-lo sem pestanejar. Isso é um grande equívoco!

Para os desavisados, reconhecê-los não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina. Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos. Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer.

Mas quem são essas criaturas tão nocivas? São pessoas loucas ou perturbadas? O que fazem, o que sentem? Como e onde vivem? Todos são assassinos?

Este livro discorre sobre pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso. Esses “predadores sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das pessoas: aquelas a quem chamaríamos de “pessoas do bem”.

Em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Porém, o que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns.

Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloquentes, “inteligentes”, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade.

A realidade é contundente e cruel, entretanto, o mais impactante é que a maioria esmagadora está do lado de fora das grades, convivendo diariamente com todos nós. Transitam tranquilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama...

Apesar de mais de vinte anos de profissão, ainda fico muito surpresa e sensibilizada com a quantidade de pacientes que me procuram com suas vidas arruinadas, totalmente em frangalhos, alvejadas por esses “seres bípedes” que sugam o nosso sangue e vampirizam a nossa alma.

É importante ressaltar que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade: leve, moderado e grave. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” ou matarão suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente a “mão na massa”, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade.

Além de psicopatas, eles também recebem as denominações de sociopatas, personalidades antissociais, personalidades psicopáticas, personalidades dissociais, personalidades amorais, entre outras. Embora alguns estudiosos prefiram diferenciá-los, no meu entendimento esses termos se equivalem e descrevem o mesmo perfil. No entanto, por uma questão de foro íntimo e visando facilitar a compreensão, o termo psicopata será o utilizado neste livro.

A parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia.

Com base nessa premissa, optei por não inserir trechos de letras de canções brasileiras na abertura dos capítulos, recurso narrativo que costumo adotar em minhas obras. Música é emoção, sentida com a alma. Entendo que repetir a mesma fórmula ao descrever o comportamento de criaturas desprovidas de afetividade seria, no mínimo, um contrassenso.

Aqui não me proponho, sob qualquer hipótese, a oferecer ajuda terapêutica aos indivíduos com esse perfil. Ao contrário, o meu objetivo é informar o público em geral, para que fique de olhos e ouvidos bem abertos, despertos e prevenidos. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mais puras de alma e de coração...

Também tenho como propósito expor parâmetros para que possamos avaliar em que escala cada um de nós está contribuindo para promover uma cultura social na qual a psicopatia encontra um terreno fértil para prosperar.

Esta obra contém histórias reais que me foram relatadas por vítimas de psicopatas, direta ou indiretamente, e casos tratados com destaque na imprensa. Não estou afirmando que os exemplos aqui citados representam autênticos psicopatas, e sim que ilustram de forma bastante didática comportamentos que um psicopata típico teria. Além disso, todos os casos apresentados se prestam muito bem à exemplificação dos mais diversos níveis de psicopatia, desde os mais leves até os moderados e severos.

Dessa forma, tentei esquadrinhar e tornar o tema o mais abrangente possível, a fim de responder a uma série de perguntas que, na maioria das vezes, nos deixa absolutamente confusos. Assim espero contribuir para que as pessoas se previnam das ameaças que nos rondam de forma silenciosa. Estou convencida de que falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais são dados importantes e merecem estudos aprofundados e toda a nossa atenção, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia.

A natureza dos psicopatas é devastadora, assustadora, e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender aquilo que contradiz a própria natureza humana.

O conteúdo aqui exposto é denso e intrigante. As páginas percorrem as mentes sombrias de criaturas cujas vidas parecem não ter se desenvolvido totalmente. Saber identificá-las pode ser um antídoto (talvez o único) contra seu veneno paralisante e mortal. Infelizmente a desinformação nos torna vulneráveis, indefesos como “sapos tolos”, fisgados pelas habilidades camaleônicas dos “escorpiões”.

Prepare-se, porque certamente você conhece, já ouviu falar ou convive com um deles.









6 comentários:

  1. Convivo com um psicopata há 20 anos - é afável, inteligente, cultiva "amigos",um enorme poder de manipulação - como é jornalista, tem uma retórica impecável e muito persuasivo. Ninguem imagina como funciona a mente de um psicopata - Só quem convive

    Mairiporã,SP

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    1. Muito obrigada pelo testemunho. É verdade. Só quem convive é que sabe. Eu... sou vítima de uma. Verdadeira peste. Uma desgraça dentro de minha família. Estou escrevendo um livro a respeito. Abraços.

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    2. Eu tinha uma namorada encantadora... Quase dois anos de namoro, puxei um fio e veio, não mais que de repente, boa parte da vida dela. Só de mentiras e furtos dá pra lotar um estádio pré-Copa. Furtou as avós, mãe, visitas, a mim, locais de trabalho e tantos mais. Pegou inúmeros CPF's (estelionato, o popular 171) para fazer coisas variadíssimas,como presentear pessoas (eu muitas vezes inclusive). Fazia muita ficção com a boca. Mas só contando pra vocês terem noção. Aqui vai uma: me ligou e disse que o pai foi atropelado e estava no centro do Rio. Nunca conheci o pai dela, pois dizia a mesma que o pai não prestava (mais uma mentira). Saí do trabalho, encontrei com ela, fomos no hospital, esperei com ela dentro do hospital, perguntamos as mulheres da recepção pelo cara e depois de ano e pouco a avó paterna dela disse que o pai está forte como um touro e nunca nem torceu um pé. Ardilosa. Como soube/desconfiei de tudo? A mesma avó ligou falando que a fulaninha era uma ladra. Pegou o CPF da avó e fez lenha. Ah, antes que me esqueça: já tinha sido presa quando aos 18! A mim disse que discutiu com o guarda e foi levada a delegacia, por desacatado: adolescentes...

      O que ela fez comigo? Simplesmente me fez acreditar que era a mulher que eu esperei a vida toda e me fazia um cara feliz.... depois de alcançado o objetivo dela - que não o relatado - chute no rabo como se nada tivesse acontecido. Só de ausências no trabalho tive uma semana direto com o baque. Ah, a mãe dela levou ela de volta pra casa com medo de que algo mais danoso acontecesse a ela.


      Só me sentiria bem se voltássemos para antes de 1498 com um oceano nos separando.

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  2. Tenho um filho com uma psicopáta. sou alvo de suas insanas ambições, mentirosa convicta, acedita nas suas proprias mentiras e tem a seu favor a arte de convencer as pessoas de que ela é boazinha, ingenua, correta, até a justiça e a policia acredita na sua "ingenuidade", escondendo perfeitamente sua insanidade. Vingativa, sem sentimento, manipula até o proprio filho e o usa como informante, tolindo o desenvolvimento normal do filho. Jurou que acabaria com minha vida, na presença de várias pessoas, dentro dom proprio FORUM e tenta fazer isso diáriamente. Há pessoas que a acham ingenua, coitadinha e é o papel que ela desempenha. Se fazz de vitima para convencer às pessoas e é estelionatária .

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    1. Muito parecida com a psicopata que rouba minha família há 40 anos. Agora que todos faleceram, sou eu a vítima. É exatamente como você descreve: ambiciosa, mentirosa, falsa, vingativa, manipuladora, estelionatária... Grata pelo comentário e boa sorte. Se cuide aí...

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    2. Minha resposta vai no comentário abaixo.

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